Este trabalho procura abordar três aspectos importantes que contribuíram para a composição da peça para orquestra de violões Topografia nas Vizinhanças das Dunas de Stella Maris, um dos produtos de uma pesquisa em andamento sobre a comprovisação e suas possíveis interrelações com a composicionalidade. Tais aspectos são - o uso da comprovisação, contornos a partir de uma paisagem fotografada e a polimicrotonalidade. Intenta-se mostrar aqui a articulação de tais aspectos no planejamento compositivo. Trata- se de uma peça que se baseia na fotografia de uma região que é um trecho das dunas do Abaeté no bairro de Stella Maris em Salvador e que, em sua experimentação sonoro- compositiva, busca trabalhar scordaturas diferentes em cada naipe ressaltando tanto a determinação da notação, quanto a indeterminação a partir de gráficos. A exploração da comprovisação se deu a partir da noção de “perspectiva da notação” trazida pelo compositor Sandeep Bhagwati, buscando trabalhar aberturas de interpretação improvisativas no âmbito da notação escrita. Na teoria dos contornos, a partir da fotografia da paisagem feita em panorâmica, houve a extração dos contornos nas alturas e nas rítmicas de modo a dividir a peça em duas partes, e tendo preferência pelas operações de translação e redução. E na polimicrotonalidade, as scordaturas de cada naipe basearam-se tanto na série harmônica para a orquestra de violões, quanto no sistema 128T para o violão solista. Por fim, o artigo traz considerações sobre os desafios da comprovisação, a incorporação da microtonalidade ao âmbito dos contornos e contribuição para futuras pesquisas a respeito dos aspectos mencionados.